quinta-feira, 24 de abril de 2008

Conservação de Solos e Água

COMBATE À EROSÃO / ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS

CRITÉRIOS VEGETATIVOS FUNDAMENTAIS

Adaptado da publicação: World Bank Technical Paper Number 273, 1995 (pag.14), "Vetiver Grass for Soil and Water Conservation, Land Rehabilitation, and Embankment Stabilisation ­­ A Collection of Papers and Newsletters Compiled by the Vetiver Network".

A seguir são definidos os critérios que devem ser atendidos e verificados para que uma planta tenha quase 100% de confiabilidade para a estabilização de solos minimizando a erosão e perdas de nutrientes durante o escoamento superficial de chuvas (runoff), e que atenda aos requisitos e padrões de estabilidade da engenharia:

1. Ser capaz de formar uma barreira densa e permanente que contenha enxurradas prevenindo ravinamentos e voçorocamentos.

Isto exige que a planta seja uma cerca viva.

Capins com rizomas inferiores e estoleníferos são incapazes de ter o “poder de contenção” exigido como cerca viva.

Árvores e arbustos são igualmente incapazes de formar uma barreira firme para controlar o fluxo de enxurradas e reter os sedimentos das águas escoadas.

A planta, portanto, deve ser vertical, capim em touceira, que forme uma malha densa como cerca viva, onde o solo não penetre e através da qual somente a água escoe com certa dificuldade enquanto os sedimentos e nutrientes carreados sejam filtrados e retidos.

Deve ser igualmente propagada por meio de clones que se desenvolvam a partir de mudas isoladas, unindo-se para formar uma cerca viva.

2. Ser perene e permanente e capaz de sobreviver durante séculos.

3. Ser de rápido crescimento.

4. Possuir um sistema radicular de penetração profunda capaz de evitar a formação de canículos e fissuras, característicos de certos solos.

Deve atender as normas e especificações de estabilidade de estruturas requeridas pela engenharia na construção de rodovias, ferrovias, canais e reservatórios.

Isto exige um sistema de raízes que consolidem o solo formando uma malha penetrante de muitos metros.

5. A planta não deve apresentar perigo de tornar-se uma erva daninha.

Portanto, deve ser estéril, não produzindo estolhos e rizomas que possam brotar sem controle.

6. Deve estar livre de pragas e doenças, e não ser intermediária ou hospedeira de pestes ou doenças de outras plantas.

7. Os efeitos de competitividade com qualquer lavoura ou plantação devem ser de nível baixíssimo ou praticamente nulos quando comparados aos retornos financeiros obtidos com a redução da perda de solo fértil, umidade e nutrientes naturais.

Logo, a planta deve ter um sistema de raízes que seja essencialmente vertical procurando nutrientes em profundidade e não competindo com raízes superficiais ou intermediárias das lavouras em seu estado latente.

8. Deve prover boa proteção contra incêndios e resistência ao pisoteio do gado, situando-se seu núcleo reprodutivo abaixo da superfície do terreno.

9. Como cerca viva deve ser de baixo custo, de fácil implantação e manutenção.

10. Deve ser de fácil remoção quando não mais requerida.

11. Deve ser capaz de crescimento em vários tipos de solos independente da situação de nutrientes, pH ou salinidade.

Isto inclui areias, cascalhos, conglomerados e solos tóxicos.

12. Deve ser capaz de crescer em ambientes de grande variação das condições climáticas.

Logo, uma vez estabelecida, deverá crescer bem em locais com índices de precipitação pluviométrica de 300mm a 3000mm e com períodos de seca de até 5 meses de duração.

Deve também suportar períodos de inverno de curta duração com temperaturas baixas de ­9° C

e verão com altas temperaturas de 50° C.

13. Deve ser xerófita (resistente a carência de água) e hidrófita (desenvolve-se na água).

14. Deve apresentar condições de aproveitamento secundário com cobertura morta do solo (mulch), suplemento de pastagem para o gado, aplicações em medicina caseira, repressão à insetos e roedores e utilidade como matéria prima de artesanato.

15. Ter capacidade de tecnicamente e financeiramente melhorar as condições de estabilização de solos, encostas e taludes, garantir a conservação da água, proteção e recarga de recursos hídricos e melhorias em saneamento.



PLANILHA DE AVALIAÇÃO VEGETATIVA PARA CONSERVAÇÃO DE SOLOS E ÁGUA


Critério

Vetiver (*)

Substituto ?

1

Perene e Permanente

x (A)


2

Crescimento rápido

x


3

Sistema de raízes profundo, que evite a erosão interna (canículos) e o fissuramento de solos

x


4

Atenda as normas de engenharia para rodovias, ferrovias, obras hidráulicas e mineração

x (B)


5

Resistente à força das enxurradas com capacidade de reter sedimentos e formar terraços

x (C)


6

ESTÉRIL, sem estolhos e rizomas

x


7

Livre de pestes e doenças perigosas

x


8

Não ser hospedeira ou intermediária de pestes e doenças de outras plantas

x


9

Competição mínima com plantas e lavouras adjacentes

x


10

Boa proteção contra o fogo e resistência ao pisoteio do gado

x


11

Baixos custos e fácil manejo na implantação e manutenção

x


12

Facilidade de remoção

x


13

Tolerante a valores extremos de pH, salinidade, toxidade e baixos índices de nutrientes nos solos

x


14

Tolerante a baixos e altos índices de chuvas – 300mm a 3000mm, e períodos extremos de secas – 5/6 meses

x


15

Tolerante a períodos extremos de temperatura, de ­9° C. a 50° C

x


16

Sobrevivência à carência de água e crescimento em áreas periodicamente alagadas

x


17

Sistema radicular agregante do solo formando um grampeamento natural estabilizante de encostas e taludes

x


18

Utilidade em artesanato, paredes e coberturas de casas

x


19

Aplicações em medicina caseira

x


20

Capacidade de sequestro 5kg/ano/planta de carbono incorporados ao solo com melhoras na qualidade do ar

x


(*)Quanto à introdução no Brasil, deve ter ocorrido logo depois do descobrimento, pois acha-se subespontânea por toda a parte, nas praias da Ilha de Marajó e desde a Amazônia até São Paulo (Plantas Úteis do Brasil-Pio Correa) – anterior ao trigo, arroz, cevada e sorgo.

A) As tourceiras de Vetiver não se extinguem porque possuem um sistema interno específico de crescimento das raízes.

B) Ao contrário da maioria dos capins em touceiras, a do capim Vetiver cresce uma na direção da outra procurando sempre formar uma barreira vegetal viva.

C) Os rizomas do capim Vetiver tem aproximadamente 1 cm de comprimento, e se encrespam em si mesmo, razão pela qual sua touceira não se extingue na parte central.




CAPIM VETIVER - DADOS

PRODUÇÃO DE OVOS DE NEMATÓIDES EM GRAMÍNEAS











COM INOCULAÇÃO DE 5 POPULAÇÕES NAS RAÍZES










GRAU DE RESISTÊNCIA / CULTIVAR

PERCENTAGEM DE OVOS









TOMATE - referencial



100%











Susceptível







Milho





11,4 % > 58,6 %


Moderada








Milho





0,1 % > 9,1 %


Setaria





0,5 % > 8,3 %


Resistente








Forragem - sorgo




0 % > 0,08%


Capim Rhodes




0 % > 0,32 %


Capim Pangola




0,04 % > 1,22 %


Capim do genero Panicum



0 % > 0,36 %


Capim Vetiver




0,01 > 0,45 %










TABELA DE FORRAGEIRAS















TIPO

PROTEÍNA

FIBRA

CINZA

CINZA

ÁGUA

CALCIO

POTÁSSIO


BRUTA-%

BRUTA-%

BRUTA-%

TOT. - %

%

%

%









VETIVER - folhas novas

6,1 a 6,7

38 a 42


5,3 a 9,0


0,28 a 0,31

0,05 a 0,60

VETIVER - China

4,4

22,2

4,5


43,2

0,22

0,076

VETIVER - India

6,8

20

4,4


39,5

0,18

0,068









SORGO - silagem

5,2

34


11,0


0,52

0,13

NAPIER - novo

7,8

39


5,3


0,44

0,35

PASPALUM NOTATUM-Bahia

8,9

30


11,1


0,46

0,22




APLICAÇÕES DE CAPIM VETIVER COMO COBERTURA MORTA (MULCH):

· Técnica de plantio de barreiras de capim Vetiver entre as linhas de árvores frutíferas como mecanismo convencional de conservação do solo;

· Cuidados necessários a serem tomados – que as árvores não produzam sombra permanentemente sobre as linha de capim Vetiver – a insolação é essencial para o seu pleno desenvolvimento;

· O capim Vetiver das barreiras é cortado anualmente (deixa-se uma altura de cerca de 30cm), e suas folhas ou hastes são colocadas ao redor das árvores;

· Esta técnica permite duas contribuições positivas para o desenvolvimento da cultura:

· economia no transporte da cobertura morta (mulch);

· proporciona maior conservação de umidade na base das frutíferas.

· Aplicações de cobertura morta (mulch) de folhas (hastes) de capim Vetiver com sucesso na cultura do café, onde além da conservação da umidade do solo obtem-se uma redução de aplicações de herbicidas e inseticidas.

BIOMASSA:

· A produção de biomassa (folhas ou hastes) obtidas com barreiras de capim Vetiver, considerando-se o de 2 a 4 cortes anuais, varia entre 5 e 16 t/ha, sendo uma fonte potencial de material orgânica para melhoria das condições físicas e de fertilidade dos solos agrícolas.


Esta informação foi fornecida pela Emater (Caxambu , Minas Gerais)



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